O conceito de rating é fundamental para entender a classificação de risco de crédito de empresas e instituições financeiras.
Neste artigo, vamos falar o que é rating, como ele é determinado, suas implicações no mercado financeiro e, sobretudo, como afeta a capacidade de obtenção de crédito e o custo de financiamento.
O que é rating?
O rating é uma avaliação que expressa o grau de risco de crédito associado a uma entidade ou instrumento financeiro.
Embora seja comum associar o conceito às empresas, ele também se aplica a governos, bancos, seguradoras, fundos de investimento, debêntures, CDBs e projetos de infraestrutura.
Ademais, essa classificação busca medir a capacidade e a disposição de pagamento do avaliado, funcionando como um indicativo da probabilidade de inadimplência.

O que o rating não é?
O rating não representa uma recomendação de compra ou venda de ativos. Ele tampouco garante retorno ou ausência de prejuízo. Seu objetivo é avaliar o risco de crédito, e não a atratividade financeira ou o potencial de valorização de um investimento.
Como funciona o processo de avaliação do rating?
A atribuição de um rating envolve uma sequência de etapas padronizadas pelas agências especializadas. Embora existam variações entre metodologias, o processo costuma seguir estas fases:
1. Coleta de informações
As agências levantam dados públicos e privados sobre a entidade ou emissão a ser avaliada. Ou seja, isso inclui demonstrações financeiras, contratos, relatórios de auditoria, projeções de resultados, informações setoriais e entrevistas com gestores.
2. Análise de indicadores
São avaliados diversos aspectos, como endividamento, liquidez, rentabilidade, histórico de pagamento e desempenho operacional. Assim, fatores externos também são considerados, como conjuntura macroeconômica, câmbio, juros e risco regulatório.
3. Avaliação qualitativa
A análise vai além dos números. A governança corporativa, a estratégia da empresa, a qualidade da gestão e a transparência na comunicação com o mercado influenciam diretamente a nota final.
4. Comitê de rating
Um comitê interno da agência consolida as informações e delibera sobre a nota atribuída, com base nas metodologias estabelecidas.
5. Divulgação e acompanhamento
A agência de classificação divulga o rating ao mercado junto com um relatório técnico que justifica a nota. Ela também pode revisar esse rating periodicamente, especialmente quando ocorrem eventos relevantes que alteram a percepção de risco.

Agências de rating e escalas de classificação
As três principais agências de rating globais — Standard & Poor’s (S&P), Moody’s e Fitch Ratings — dominam o setor e utilizam escalas próprias, com variações nas nomenclaturas e nos critérios de transição entre níveis.
Além disso, também existem agências nacionais, como a Austin Rating e a SR Rating, que operam sob regulação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no Brasil.
Portanto, veja abaixo uma tabela comparativa simplificada entre as escalas dessas três principais agências:
Nível | S&P/Fitch | Moody’s | Significado |
---|---|---|---|
Grau de investimento alto | AAA | Aaa | Risco mínimo de crédito |
AA+ / AA / AA- | Aa1 / Aa2 / Aa3 | Qualidade muito alta | |
Grau de investimento médio | A+ / A / A- | A1 / A2 / A3 | Boa capacidade de pagamento |
BBB+ / BBB / BBB- | Baa1 / Baa2 / Baa3 | Capacidade adequada | |
Grau especulativo | BB+ / BB / BB- | Ba1 / Ba2 / Ba3 | Vulnerabilidade crescente |
B+ / B / B- | B1 / B2 / B3 | Alto risco de crédito | |
Risco elevado | CCC / CC / C | Caa / Ca / C | Muito perto da inadimplência |
Inadimplente | D | D | Já não honra seus compromissos |
Diferença entre escalas e tipos de rating
Existem duas escalas de classificação que podem ser utilizadas:
- Escala global: considera a capacidade de pagamento em nível internacional, permitindo comparações entre emissores de diferentes países.
- Escala nacional: classifica o risco dentro do contexto específico de um país, levando em conta os padrões locais.
Além disso, é importante distinguir:
- Rating da emissão: refere-se ao risco de um título específico, como uma debênture, podendo ser diferente do rating da entidade emissora.
- Rating do emissor: representa o risco global de uma empresa ou governo.

Como melhorar a classificação de risco: um guia prático
Empresas que buscam melhorar sua nota de rating podem adotar uma série de boas práticas. Abaixo, listamos algumas ações recomendadas:
- Estabelecer diálogo com as agências: Manter contato frequente e fornecer informações relevantes contribui para análises mais favoráveis.
- Fortalecer a governança corporativa: Conselho independente, política de compliance e transparência são bem avaliados pelas agências.
- Reduzir o endividamento de curto prazo: Dívidas curtas pressionam o caixa e aumentam o risco. Alongar prazos e renegociar taxas ajuda.
- Organizar e auditar as demonstrações financeiras: Dados precisos, auditados e acessíveis aumentam a credibilidade da empresa.
- Diversificar receitas e operações: Reduz a dependência de setores específicos e mitiga riscos.
- Manter um histórico positivo de pagamento: A inadimplência passada impacta diretamente na nota futura.
A importância do rating para os bancos
Os bancos utilizam o rating como referência para precificar empréstimos e definir limites de exposição. Quanto melhor a classificação do cliente, menor a exigência de garantias e maior a flexibilidade nas condições de crédito.
O rating também influencia os requisitos de capital dos bancos regulados, conforme as regras de Basileia.
Rating contratado e revisões periódicas
Empresas podem contratar uma agência de rating para avaliar sua própria situação e publicar o resultado no mercado. Isso aumenta a visibilidade e a transparência com investidores e credores.
Assim, uma vez divulgado, o rating é acompanhado continuamente e pode ser revisado periodicamente, para refletir mudanças nas condições financeiras, operacionais ou no ambiente econômico.
Conclusão
Portanto, compreender o que é rating e como ele afeta o financiamento é muito importante para empresas e investidores. Ele fornece uma avaliação objetiva da qualidade de crédito, influenciando o acesso a crédito, o custo de financiamento, e as decisões de investimento.
Ademais, empresas que buscam melhorar sua classificação devem focar em fortalecer seus fundamentos financeiros e manter uma comunicação clara com as agências de rating e investidores.
Por fim, ao considerar um investimento, é vital avaliar o rating e entender os fatores subjacentes que influenciam essa classificação. Isso não apenas ajuda a mitigar riscos, mas também a identificar oportunidades de investimento com um potencial de retorno atraente.

FAQ – Dúvidas comuns
1. O rating é obrigatório?
Não. Mas empresas que emitem dívida no mercado ou buscam maior visibilidade junto a investidores frequentemente contratam agências para avaliação.
2. Pode haver mais de um rating para a mesma empresa?
Sim. É comum que diferentes agências avaliem a mesma entidade com notas distintas, conforme suas metodologias.
3. O rating muda com frequência?
Depende da estabilidade da empresa e do ambiente. Ele é revisado sempre que há eventos relevantes ou, no mínimo, uma vez por ano.
4. Só grandes empresas têm rating?
Não. Pequenas e médias empresas também podem solicitar avaliação, especialmente ao buscar financiamento estruturado.
5. Qual a diferença entre “grau de investimento” e “grau especulativo”?
O grau de investimento compreende notas mais altas, indicativas de baixo risco. Assim, o especulativo cobre notas abaixo desse patamar, associadas a maior probabilidade de inadimplência.